Prontuário
Uma cadela de 16 anos de idade, apresentando uma massa paraespinhal maciça na parte inferior esquerda das costas nos últimos 6 meses, foi levada ao hospital. Após exame físico, a massa apresentava-se firme e parecia aderir à coluna lombar. Uma biópsia com agulha fina com análise citológica revelou uma neoplasia maligna mesenquimal sugestiva de sarcoma. Sua avaliação clínica mostrou um bom estado geral, exceto por doença cardíaca moderada. Um ultrassom abdominal e uma radiografia de tórax não mostraram sinais de metástases. Inicialmente, ela foi encaminhada para tratamento paliativo, pois a massa era considerada como nãorecuperável devido a seu tamanho e localização. Foi realizado um exame de TC com contraste para avaliar a extensão da massa, bem como sua relação com os tecidos adjacentes e a coluna lombar.
Diagnóstico
As imagens de TC mostraram uma massa maciça de tecido mole paraespinhal, medindo 5,9 x 4,1 x 9,5 cm de tamanho, no lado esquerdo da coluna lombar, estendendo-se desde o nível do polo inferior esquerdo do rim até atrás da crista ilíaca superior. A massa apresentava densidade heterogênea, sem realce. Ela suprimiu os músculos paravertebrais com bordas bem definidas e não se infiltrou nos tecidos moles ao redor. Sinais de degenerações osteoarticulares na coluna vertebral, pelve e quadris bilaterais foram vistas sem destruição. Nenhuma metástase foi visualizada. Com base nos resultados da TC, o plano de tratamento foi alterado de paliativo para cirúrgico. Ela foi encaminhada ao serviço de cardiologia para tratamento e, após ser liberada, foi submetida a intervenção cirúrgica com remoção completa da massa. A eletroquimioterapia foi realizada no leito cirúrgico sem intercorrências. A análise histopatológica da massa ressecada revelou um hemangiossarcoma dérmico (HSA) moderadamente diferenciado. A quimioterapia começou 20 dias após a cirurgia. No acompanhamento de 6 meses, não houve recidiva local nem metástases encontradas. Ela se recuperou bem e estava livre de doenças.
Fig. 1: Duas imagens transversais sem contraste (Fig. 1a) e varredura com contraste (Fig. 1b), juntamente com duas imagens em planos dorsal (Fig. 1c) e mediano (Fig.1d), mostram uma massa maciça de tecido mole paraespinhal no lado esquerdo da coluna lombar, estendendo-se do nível do pólo inferior esquerdo do rim até atrás da crista ilíaca superior. A massa apresenta densidade heterogênea, sem realce. Suprime os músculos paravertebrais com borda bem definida e não se infiltra nos tecidos moles ao redor.
Fig. 2: imagens cVRT com diferentes predefinições mostram a visão posterior da massa paraespinhal (Figs. 2a & 2b) e degeneração osteoarticular múltipla, sem destruição, na coluna vertebral, pelve e quadris bilaterais (Fig. 2c).
Comentários
O HSA é uma neoplasia agressiva e maligna de origem endotelial vascular e pode potencialmente afetar qualquer local anatômico vascularizado do corpo. [1] O órgão mais afetado é o baço, seguido pelos pulmões, fígado, peritônio, rins, cérebro, pleura e coração. [2][3] O HSA é caracterizado por um comportamento biológico agressivo, é altamente invasivo e metastático, e leva a um prognóstico ruim. É uma das formas mais mortíferas de câncer encontradas na oncologia veterinária e os cães são a espécie mais frequentemente afetada. [4] O diagnóstico é feita por meio de histopatologia e imuno-histoquímica. Uma ressecção cirúrgica total do tumor primário continua sendo a terapia de escolha, visando uma maior taxa de cura. Geralmente, a cirurgia é combinada com quimioterapia e imunoterapia adjuvante, considerando o rápido desenvolvimento das metástases. [5] Antes do tratamento, é necessário um trabalho clínico completo, bem como uma avaliação por imagem. Nas últimas duas décadas, a TC tem sido reconhecida como um grande avanço tecnológico na medicina veterinária, cada vez mais realizada e ganhando mais espaço. Comparada à radiografia convencional, a TC apresenta sensibilidade superior e maior eficiência na visualização de tecidos moles com a capacidade de determinar a origem, extensões, conformações e envolvimento do tumor, bem como metástases. As imagens podem ser reconstruídas e vistas em planos transversal, dorsal e mediano sem sobreposição de diferentes estruturas anatômicas. A tecnologia avançada em visualização tridimensional, como a técnica de renderização de volume cinematográfico (cVRT), também está disponível para uma demonstração realista. Todos contribuem para um planejamento terapêutico ideal e um resultado clínico positivo, trazendo maiores benefícios para o paciente. [6] [7] Neste caso, o plano de tratamento foi alterado de paliativo para cirúrgico com base nos resultados da TC, resultando em uma melhor qualidade de vida e uma maior expectativa de vida.