Exame bom para cachorroO que há de novo na área veterinária quando o assunto é exame de diagnóstico por imagem

São Paulo, Brasil|2019-10-21

O médico veterinário, PhD em neurologia, sócio e diretor geral da CRV Imagem, Alex Adeodato, nos conta como os exames de diagnóstico por imagem estão sendo usados cada vez mais para auxiliar na detecção precoce de doenças e na escolha do tratamento mais adequado para o mundo animal. Até pouco tempo atrás, não se ouvia falar em tomografia computadorizada e ressonância magnética na rotina diagnóstica dos pets. Hoje em dia, apenas na clinica CRV Imagem, no Rio de Janeiro, são realizados mais de 200 procedimentos/mês.

HS – Por que os exames de diagnóstico por imagem têm sido tão recorridos para a área veterinária atualmente?
Alex – O crescimento da demanda está diretamente associado a mudança na importância dos pets em nossas vidas. Cães, gatos e ainda algumas espécies exóticas estão cada vez mais inseridos como membros da família. Na medida em que esse vínculo aumenta, cresce a necessidade por diagnósticos e tratamentos eficazes, permitindo assim o investimento em pessoal e equipamentos. Esse fenômeno iniciou na década de 90 e vem se intensificando na última. Com isso, exames de triagem como radiografias e ultrassonografias passaram a ser rotina na maior parte das clínicas e hospitais veterinários, abrindo então espaço para o surgimento de modalidades mais avançadas como de tomografia e ressonância em alguns centros especializados. O interessante é que as ferramentas de imagem, ao mesmo tempo, que se sustentam pela demanda clínica, pressionam o desenvolvimento de profissionais de outras especialidades, tornando-se assim uma peça importante na engrenagem de desenvolvimento do mercado.

HS – Existem exames específicos para determinados problemas nos bichinhos de estimação? Por que?
Alex – Sim. A decisão do melhor tipo de exame depende essencialmente da suspeita clínica. A partir da avaliação clínica, o médico veterinário determina uma lista de potenciais problemas que aquele paciente possa ter e escolhe um exame para confirmar essa hipótese. Como exemplo, um cão filhote com histórico de trauma, claudicação (mancando) e dor em uma das patinhas, vai precisar muito provavelmente de uma radiografia desse membro. Um gatinho adulto que chega a clínica com alteração progressiva de comportamento, falta de coordenação e crises convulsivas vai precisar de uma ressonância magnética de encéfalo. Ou seja, cada exame vai investigar especificamente sistemas e condições específicas.

HS – É necessário sedação no bichinho para fazer um exame de tomografia, por exemplo?
Alex – Essa é uma necessidade em 99,9% dos casos. Nossos pacientes não são tão colaborativos quanto os pacientes humanos. Para realização de exames de ultrassonografia, raio X e ecocardiografia, por exemplo, conseguimos contê-los manualmente. Quando falamos de tomografia e ressonância magnética, a necessidade de imobilidade é maior e por mais tempo. Na tomo precisamos obter imagens pré e pós contraste das estruturas na mesma posição a fim de compará-las, posteriormente. Na ressonância é ainda um pouco mais complicado, pois a necessidade de obtenção de várias sequências gera um exame ainda mais longo. Como exceção, vez ou outra o paciente é tartaruga com traumatismo crânio-encefálico, que não vai mesmo se movimentar durante o exame.

HS – Qual o animal mais exótico ou caso mais complexo que vocês já analisaram em um equipamento de imagem?
Alex – Sua pergunta inicialmente me levaria citar algum dos animais selvagens como babuínos, gorilas, jacarés e até beija-flores, que já passaram pelo CRV Imagem. Mas, dado que somos uma clínica de diagnóstico por imagem de animais de companhia e exóticos.... certamente o animal literalmente mais exótico que já fizemos foi uma tomografia da região cervical de uma bezerra do HVGA da UFRRJ. Os serviços de imagem que atendem grandes animais precisam ter mesas especiais para suportarem o peso, espaço e fluxo especial para anestesia e retorno dos pacientes, etc. Como não estamos acostumados com essa rotina, esse exame foi bem diferente.

vet
Alex Adeodato é sócio e diretor geral do CRV Imagem, diretor tesoureiro da Associação Brasileira de Neurologia Veterinária (ABNV), médico veterinário desde 1996 pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).